segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

"5 anos, 5 segundos: Gran Turismo 5 e o tempo"




O sistema é ligado e insiro o Blu-Ray, que chegou em minha casa após duas semanas de espera. Pouco tempo, perto dos cinco anos de desenvolvimento que foram necessários para que o disco, que carrega o jogo Gran Turismo 5 para o console Playstation 3, chegasse em minhas mãos.

Na internet e no mundo gamer em geral todos se voltam para as recém publicadas críticas e análises técnicas, muitas dessas com visível discordância entre si, outras, por outro lado, concordando em certos aspectos. Notas baixas, altas? Houve de tudo um pouco desde que o jogo fora lançado, comparações tendenciosas e inevitáveis com jogos de outros sistemas, tipos e até mesmo gêneros - então eu, frente ao videogame, reflito e decido analisar por mim mesmo qual a real qualidade e o defeito de algo que esperei por tanto tempo. Pego o controle, e me insiro no jogo.


A introdução começa de forma bela, com imagens que exemplificam como é a linha de produção de um carro. Eu vejo tudo, analiso a trilha sonora em piano que me parece cair bem com as imagens - até que tudo se transforma em corrida, enfim, mas sobre os acordes de uma banda que não gosto tanto assim. Ainda assim, confesso, a musica me anima. Nem tudo é perfeito, mas o que importa é o que vem depois dos quase 7 minutos de apresentação.


O jogo se desvenda após dissipar a cortina em fadeout, mostrando-me um piloto que anda nos boxes. O menu é arrojado e as cores suaves, e para aqueles que querem ver mais de perto existe a opção de dar um "zoom" com um dos botões. Eu sei que deveria partir para o modo carreira, mas não resisto a possibilidade de dominar logo de cara uma das mais de 1000 máquinas presentes no jogo. Seleciono uma Ferrari modelo F40, e vou de encontro a uma pista escolhida nada aleatoriamente: a antiga High Speed Ring.

Enquanto o loading carrega o jogo, procuro despoluir a mente das comparações. Dono de um PC para jogos, um Nintendo Wii, um PSP e também o Playstation 3, além de antigos consoles de diversas empresas, não cabe dentro de mim o chamado "ismo"; eu jogo o que me agrada, o que me distrai e me faz sentir lá, dentro do jogo - não importando o sistema. Portanto, estou acostumado tanto a simuladores no PC tais Need for Speed Shift e Dirt 2, quanto a jogos Arcade como Mario Kart e Burnout Paradise. Também já tivera a chance de experimentar a franquia Forza, do console Xbox 360; ainda assim, minha maior espera até hoje fora por Gran Turismo 5 que agora estava ali, a minha frente, e eu prestes a guiar em minha primeira corrida.

A disputa começa e me dou bem com os comandos. Não tive Playstation 2, mas os anos de pratica com os dois primeiros títulos da série com toda a certeza me eram úteis até hoje. Faço as curvas com facilidade, embora seja um pouco diferente; a aceleração, a forma como o carro se comporta, mesmo em um simples Dual Shock 3 são de um realismo que valeu a espera. O sistema de colisões e danos é falho, simplório; ainda assim capaz de te dar a vitória ou derrota em segundos. Termino a corrida e olho para o replay; as imagens nele parecem reais, bem melhores que os gráficos em tempo real, mas não que esses estejam mal; é que Gran Turismo 5 em seus replays, consegue ser tão bonito quanto ver uma Ferrari bem a sua frente.




Tiro algumas fotos - com o cuidado de escolher sempre o melhor ângulo - e salvo em meu HD; é a hora de seguir para o modo carreira. Em um menu arrojado, ainda que por vezes confuso, escolho a opção de tirar licenças. Tenho êxito nas duas primeiras, e sigo para um campeonato qualquer após comprar um carro de modelo barato. Após alguns minutos e três circuitos depois, estou com meu primeiro troféu e um novo carro na garagem: sei que não é nem 1% de tudo que há lá, dentro do console, rodando no recém comprado jogo.

Gran Turismo é uma franquia de peso, talvez o carro chefe da Sony. Existem outras como Uncharted e Little Big Planet, essas talvez, estejam em momentos até mesmo melhores que a definitiva franquia de corrida do console japonês; mas um fato é certo. Essa já se sagrou líder no mercado, e sua quinta empreitada não deve nem um pouco para o seu próprio passado e também outros títulos que vieram, com o passar dos anos, com o pretexto de tirar a sua coroa. Conseguiram? Nada é certo. Nos jogos assim como na vida em geral, é tudo uma questão de ponto de vista.

Após mais de 8 horas de jogo, sou capaz de entender as críticas, os elogios e até mesmo o silêncio. Mas porque? Os carros, as pistas, o trabalho de iluminação exemplar mostrado no título são o que me mais fala, não apenas as notas dadas por quem tem de, contra o relógio, apresentar ao publico uma opinião a respeito de um jogo. Mas aí está o segredo: Gran Turismo 5 é um jogo que desafia o tempo, tanto o tempo necessário para ser feita a sua análise quanto o tempo de espera que fora necessário para que ele visse a luz do dia.

Ainda assim, bem além das médias dos sites especializados, o título mostra que está acima de qualquer comparação, para o bem ou para o mal; não porque seja perfeito, longe disto; mas exatamente por ser um título único. Gran Turismo 5 é um título difícil de se medir por notas, mas, altamente recomendável e necessário a qualquer um que deseje ter uma suas mãos um simulador de corrida feito com paixão, zêlo e acima de tudo; amor pelos carros.

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